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Ser Mulher Cientista E Imigrante Nos Estados Unidos

Ser mulher cientista e imigrante nos Estados Unidos

Isabelly dos Santos, bolsista da DMCard que cursa Neurociência na Flórida fala, no mês dedicado as mulheres, sobre a luta delas em busca de reconhecimento

Sempre penso em como muitas mulheres são protagonistas em grandes projetos e inovações, no entanto, poucas vezes recebem o reconhecimento por sua colaboração e avanços na ciência. Como estamos nos aproximando do final de março, o mês do Dia das Mulheres, quando pudemos acompanhar muitas histórias inspiradoras, decidi também trazer o tema como colunista do Blog DMCard.

Poucas pessoas devem saber quem foi Rosalind Franklin. Você já ouviu falar nesse nome tão importante para a ciência? Pois ela foi uma biofísica britânica que descobriu a estrutura do DNA, na década de 50.

Se hoje em dia as mulheres ainda encontram barreiras para o reconhecimento, imagine só naquela época. Pois sabe o que aconteceu? Dois homens publicaram um estudo antes dela e ficaram reconhecidos como os nomes por trás da descoberta da composição do DNA. Somente em 2010, o meio científico reconheceu o pioneirismo de Rosalind e que os homens que assinam os estudos se basearam, na verdade, na pesquisa feita por ela.

Cientistas brasileiras

Aqui no Brasil também temos mulheres ilustres que não são lembradas, como Bertha Lutz, bióloga que, além de sua contribuição para a ciência, é uma das responsáveis pelas mulheres poderem votar no Brasil. Se histórias como estas fossem mais compartilhadas desde as escolas, tenho certeza que mais meninas teriam o sonho de serem cientistas, assim como eu.

Por exemplo, no meu ensino médio, que foi algo  recente, eu ouvia sobre Freud, Einstein, Pitágoras e outros homens que contribuíram para a história da ciência, tecnologia, matemática, e engenharia, mas nomes como o dessas mulheres nunca foram citados em sala de aula.

Então, para dar minha humilde contribuição, vou aproveitar este espaço para também lembrarmos de um nome mais recente: Ester Sabino. Ela é uma médica brasileira que conduziu junto a Jaqueline Goes, a pesquisa que sequenciou o genoma do coronavírus em um tempo recorde de 48 horas.

E eu tive a honra de conhecer a Ester em um evento privado em que ela pode falar sobre seu trabalho, para o qual alguns estudantes da área da saúde foram convidados a participar. Um encontro tão importante que por lá estavam nomes como o médico Dráuzio Varella.

Reconhecimento fora do Brasil

Aos poucos vemos que, com o apoio de outras mulheres, isso já começa a mudar. Há duas semanas, minha professora americana aqui na faculdade onde estudo, nos Estados Unidos, nos recomendou a leitura de um artigo feito majoritariamente por mulheres produzido pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).

Mesmo com a falta de incentivo para ciência em geral, eu acho incrível como as mulheres brasileiras continuam produzindo seus estudos e publicam constantemente muitos artigos. Acredito que é exatamente por essa resiliência que elas têm conseguido se destacar.

Você sabia que o orçamento para o Brasil inteiro para investimento em pesquisa durante um ano é de quatro milhões de dólares? Aqui nos Estados Unidos, quatro milhões de dólares é o investimento em pesquisa em 12 meses só da faculdade onde estudo. Fazendo essa comparação já é possível ter uma ideia da luta dos pesquisadores e das pesquisadoras do país.

Falta de investimento e espaço desmotiva as mulheres

O Brasil é um lugar tão naturalmente privilegiado com seis biomas diferentes, como não existe investimento e incentivo para pesquisar todo esse universo com tanto para ser descoberto.

Além da falta de reconhecimento e de investimento, um terceiro fator também colabora para afastar as mulheres da pesquisa, que é a falta de espaço em posições de lideranças em laboratórios, reconhecimento em premiações, etc.

No entanto, com isso não quero dizer que mais fácil se tornar uma pesquisadora em outro país, principalmente sendo uma brasileira. A mulher, principalmente a latina, ainda sofre preconceito e ao se posicionar em busca de respeito ainda pode ser considerada uma pessoa grosseira.

Por isso não devemos esquecer que o dia da mulher é um dia de luta, não um dia de festividade. Dia 8 de março foi feito para representar as 57 mulheres fortes que conseguiram vencer o Prêmio Nobel que 873 homens venceram, reforçar que ainda existem “tias da limpeza” que recebem um salário que falta dinheiro para pagar as contas do mês, repreender os homens que ainda fazem piadas com o corpo de mulheres, encorajar mães e avós a voltarem a estudar, e lembrar que briga de marido e mulher devemos, sim, meter a colher e acionar a lei Maria da Penha.

Não deixe de conhecer outras histórias de mulheres inspiradoras que fazem parte do time DMCard no Youtube. Clique aqui e confira a playlist completa com trajetórias que irão te inspirar!

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